"Quando eu saí, falei que um dia voltaria, nem que fosse para subir na arquibancada e gritar o nome do Inter." Fernando Lúcio da Costa, 33 anos, o dono da frase acima, capitão do Inter nos principais títulos do clube, mudou de patamar. O capitão virou diretor. Apresentado oficialmente nesta terça-feira como comandante do vestiário colorado, Fernandão resgatou a manhã, em idos de 2008, quando afirmou, em meio a lágrimas, que voltaria ao Beira-Rio – naquele momento, ele rumava para o Al-Gharafa, do Qatar. A volta foi confirmada agora.
Com a carreira de atleta encerrada e diante do início da caminhada em uma nova função, o ídolo diz que não tem medo de nada: nem de dar errado no cargo de diretor técnico, nem de apagar parte do que conquistou.
- Eu vivi grandes momentos aqui dentro. Eu me apaixonei pelo clube, pela cidade. Aquela decisão de sair, em 2008, já foi pensando em encerrar a carreira. Não tenho dúvida nenhuma: eu me sinto preparado para essa função. (...) Não titubeei. Não tenho medo. Minha vida sempre teve desafios. Sempre fui precoce em tudo. Está sendo precoce agora também. Não tenho medo de nada. Vou me entregar de coração a isso – disse Fernandão.
O novo diretor técnico do Inter conhece parte do elenco. E espera conquistar os boleiros. Mais: espera fazer com que eles corram por ele:
- Todos esses jogadores conhecem meu caráter, minha maneira de ser, e vão ajudar bastante. Eles vão correr bastante por mim.
Fernandão diz que não quer saber do rótulo de ídolo. Reconhece que teve papel histórico, mas diz que não deixa de ser o cidadão Fernando:
- Não vivo com a palavra ídolo escrita na minha testa. Isso nunca me tocou. Nunca vesti um sapato diferente por ser ídolo do Inter. Fica a imagem do capitão, mas não ganhei nada sozinho. Tinha o Edinho que dava pancada em todo o mundo e dava a bola lisa para o Alex ou eu poder jogar. Não vivo como ídolo. Vivo como Fernando, como o Fernandão que foi jogador. Essa imagem de ídolo nunca me pegou, nunca vai me pegar. Não me sinto ídolo. Eu me sinto como um cara que fez história.
O ex-jogador diz que não chega para substituir a figura de Falcão, em uma troca de ídolos. E garante que não aceitaria o convite se sentisse que a ideia era acalmar os ânimos da torcida:
- Quando o Luigi me ligou, a primeira imposição que coloquei foi que não estava vindo para suprir a ausência de ídolo. Para isso, não aceitaria o convite. A condição era implementar minha visão de futebol, como penso que o futebol deve ser gerido. No futebol, não pode ser tudo emergencial. Tem de programar tudo, inclusive a possível saída de um jogador. É isso que faz um clube ser grande. É isso que quero tentar colocar aqui dentro. Havia toda uma turbulência de não estar demitindo apenas um treinador, mas um ídolo. O Falcão é eterno aqui. Eu não queria vir suprir a ausência de um ídolo. Chego com meus pensamentos, minha maneira de ser, minha ideologia.
Fernandão, desde já, pede a ajuda da torcida. Ele quer que o Beira-Rio lote da mesma maneira que lotava no título da Libertadores de 2006:
- O papel do torcedor é superimportante. Fui campeão aqui e em 2006, depois da Libertadores, falei que só fomos campeões porque a torcida lotava. A torcida tem de voltar a lotar o Beira-Rio. O grupo tem que entusiasmar também. Vou procurar passar isso ao grupo também. O torcedor vence jogo, principalmente o torcedor do Internacional.
Fernandão começa a trabalhar já nesta terça-feira. Ele terá papel determinante na contratação de reforços e na chegada do novo treinador.
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